domingo, 12 de janeiro de 2014

Caminhando.

 CAMINHANDO

Caminhando para cuidar da saúde, manter forma física, pensar, observar coisas e pessoas, foi que me remeti a uma época em que as pessoas caminhavam com passos mais tranquilos, por calçadas estreitas e ruazinhas simples, sem asfalto.
Eram passos firmes, sem pressa. Cruzavam com outros passos e paravam para contar as novidades, que eram sempre as mesmas “novidades”. E lá se iam, ainda sem pressas.
Viajei. Cortando campos verdes. “Caminhos que só existem, quando você passa”, disse assim o Skank.
Mergulhei nos caminhos construídos pelo andar das águas, que trouxe nossos primeiros habitantes, embrião de nossas cidades, sufocados por concretos.
Córregos do Velho Rio Paraíba, que seguem seus caminhos delimitados por duras veias.
Caminhamos rumo ao progresso. Pontes, estradas, viadutos, canalizações dos rios, asfaltos. Tornaram curtos os nossos caminhos e aumentaram nossas distâncias.
E assim vou caminhando, às vezes, caminhando e cantando.


(Claudia Regina Lemes –  Janeiro - 2014)

Epitáfio

Epitáfio

Aqui um amor jaz:
Ao nascer transitório,
foi intenso e sagaz.
Coube num calendário.

 Nem se debateu.
Aceitou com coerência.
Ao carrasco se deu,
não quis pedir clemência.

Tenho aqui seu diário:
Uma vida em vão,
sem mais nem um grão,
 foi-se então, sem velório!
 (Claudia - Janeiro/2014)


Precisando de silÊnCiO...


CÁLICE - Chico Buarque y Milton Nascimento

Cálice...(nobre Chico)

Cálice (Chico Buarque)

Pai, afasta de mim esse cálice/Pai, afasta de mim esse cálice/Pai, afasta de mim esse cálice/De vinho tinto de sangue...
Como beber dessa bebida amarga/Tragar a dor, engolir a labuta/Mesmo calada a boca, resta o peito/ Silêncio na cidade não se escuta/ De que me vale ser filho da santa/ Melhor seria ser filho da outra/ Outra realidade menos morta/Tanta mentira, tanta força bruta /Pai, afasta de mim esse cálice...
Como é difícil acordar calado/ Se na calada da noite eu me dano/Quero lançar um grito desumano/Que é uma maneira de ser escutado/Esse silêncio todo me atordoa/Atordoado eu permaneço atento/Na arquibancada pra a qualquer momento/Ver emergir o monstro da lagoa
De muito gorda a porca já não anda/De muito usada a faca já não corta/Como é difícil, pai, abrir a porta/Essa palavra presa na garganta/Esse pileque homérico no mundo/De que adianta ter boa vontade/Mesmo calado o peito, resta a cuca/Dos bêbados do centro da cidade/Pai, afasta de mim esse cálice/Pai, afasta de mim esse cálice/Pai, afasta de mim esse cálice/De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno/Nem seja a vida um fato consumado/Quero inventar o meu próprio pecado/Quero morrer do meu próprio veneno/Quero perder de vez tua cabeça/Minha cabeça perder teu juízo/Quero cheirar fumaça de óleo diesel/Me embriagar até que alguém me esqueça

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CLAUDIA REGINA LEMES: Gravação caseira - música popular

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