sábado, 9 de agosto de 2014

MINI CRÔNICA DO ARREPENDIMENTO



- Professora quantos passeios teremos até o fim do ano?
- Dez! – Responde a professora um tanto alterada. 
- Puxa... Será que se eu pedir desculpas para a Diretora eu conseguirei ir a uns dois pelo menos? 

Cláudia - 2014

A cultura do Interior e a Manifestação da Arte.

                                                (Cláudia Regina Lemes - Agosto 2014)

Em  comentário um amigo professor dizia que o cidadão comum do interior seria mais “inteligente” que o cidadão de “cidade grande”.  
Era apenas uma impressão, sem preocupações, de alguém que já havia trabalhado por muitos anos como docente em várias cidades e em vários níveis do ensino.
Eu, também professora passei por várias cidades do Vale do Paraíba e Alto Tiete na prática profissional. Observo que existem, obviamente, diferenças importantes entre pessoas de diferentes cidades. Afinal a pólis é lócus de formação de pessoas.
É necessário esclarecer que o que está sendo chamado de inteligência aqui não é a potencialidade cognitiva de cada um mas sim da capacidade de fazer conexões entre vários temas ser sagaz na oralidade e transitar socialmente em diversas situações sem muitos embaraços. Ou seja: A inteligência pensada aqui seria a energia manifesta. A potencialidade colocada em prática.
Considerando assim eu concordaria com o meu amigo-professor, pois no ambiente menos rígido sem as tantas amarras que a civilização impõe é mais possível de se colocar potencialidades em movimento: Manifestar-se. No cotidiano das cidades pequenas sobrevive o interior.
A cultura do interior é uma cultura caipira. Caipira designa da Língua Tupi em que Caa significa gente e pira significa mato: Gente do mato.
Era o nome dado àqueles que moravam no meio em contraposição de aos que moravam nas extremidades. (Mato e litoral). Pensando assim toda região da grande São Paulo é habitada por caipiras.
Sei que pode parecer contraditória a minha defesa de que o caipira é aquele que transita melhor entre vários temas porque se convencionou usar o termo pejorativamente considerando caipira aquele que pouco sabe que fala errado e que é demasiadamente tímido.
Acontece que como qualquer construção cultural a linguagem se transforma com o passar do tempo. Representações são incorporadas e a Língua adquire novas significações. Hoje o termo caipira pouco se relaciona com a posição geográfica da forma que foi concebido. Caipira é comumente considerado aquele que se distancia da capital onde se localizam os grandes centros urbanos.
Atualmente o “capital – dinheiro” é o contorno de tudo. Até porque sabemos que a economia dita regras e dá formato à sociedade civilizada.
Interior manteve o significado da palavra, mas não o sentido geográfico. Então interior ficou sendo o local afastado da Capital ou centro urbano. E lugar onde vivem os caipiras.
Respondendo provisoriamente a pergunta se o caipira tem melhores condições de manifestar suas potencialidades eu diria que sim. De manifestar sua cultura. É notório que sim.
O cidadão metropolitano se prende indeliberadamente às determinações do seu universo que é regido pelas demandas da produção, consumo e sustentação de um sistema rígido e estruturado para manter a economia que atualmente não se atrela ao bem estar humano. Ela se preocupa em manter a organização e ritmo administrada por interesses esquizofrênicos e paranoicos.
O sujeito metropolitano escravizado no mundo capitalista não reconhece suas potencialidades, não as exercita passa pela vida sem emergir enquanto ser humano e cultural.
O homem do interior é mais livre e consegue exercitar a sua humanidade. Artistas populares que criam, recriam, transformam.
Caberia ao sujeito-metropolitano o acesso à cultura através da Arte. Mas infelizmente a arte foi colonizada pela indústria e o artista-metropolitano foi “encantado” pelo deslumbramento do que o dinheiro pode comprar.
A “arte” e os artistas se transformaram em produtos de mercado. A arte é sucateada para gerar lucro na relação de troca. Ao artista resta viver na alienação da realidade, recluso em nichos assumindo a triste condição de celebridade para ser vendido de acordo com as demandas mercadológicas e midiáticas.
Talvez fosse necessário que o artista voltasse ao “interior essência” para chegar onde o povo está. Assim a cultura resgataria o seu papel: Libertar o homem da sua condição de mero ser biológico.





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