quarta-feira, 21 de maio de 2014

VIDADÁ



Que “arte”! Eu corria num parque,
encontro um castor: Jura-me amor.
História sem graça e sem aventura
Pra melhorar: Um castor de fraque!

E no tempo de ligar o computador.
Uma travessura na noite escura
Os meus olhos que ardem
numa loucura em plena tarde...
Mas, não era um dia de calor?

Dedo nas teclas; olho o monitor.
Que estranheza não cause.
Com problema no meu texto-editor
O tal castor era o mouse.
Que frio! Enrolo-me no cobertor.
Às vezes ao acordar eu cismo.
Que minha vida é um dadaísmo.

CLAUDIA  - 2014




A FÁBULA


( Escrita a partir do conto de Malba Tahan
 (Uma fábula sobre uma fábula.) Fonte: Minha vida querida. Tahan, Malba. Rio de Janeiro: Conquista, 1957, p.93-98.
  
Que se faça a mulher!
E Deus criou a fantasia,
por analogia:

 Entrar num palácio a Verdade quis.
Sempre cristalina, porém aprendiz.
Buscou em silêncio, lá em seu país:
Mais alta colina foi sua diretriz

A verdade-nua em transparente véu
Como a linda lua brilhando no céu
Solicita a entrada a um guardião
Em imensa casa falar ao sultão

Foi “Não!” a resposta: Aqui neste castelo,
Entrar Verdade, assim nua e crua?
Fez então aos guardas logo seu apelo.
Por dignidade. Enxota-a na rua.

Que se faça a mulher!
E Deus fez a Obstinação
por conexão.

Se nua não posso, cubro-me com peles.
Uso outro tom, grosseiro e bem severo.
Ao chefe pediu: Que tu não me repeles!
Senhor-Guardião. Faço um pedido austero:

Sou a Acusação. Ir ao palácio eu quero.
A resposta é “Não!” - disse o soberano-
de joelhos no chão. “Desista!” Eu espero!
Esta permissão seria um grande engano.

Que se faça a mulher!
E o Capricho Deus criou.
E sua obra apreciou...

Vestida em  riqueza e pura beleza!
Usando proeza. Coberta em seda.
Sutileza e a mais feminina certeza:
Toda fortaleza teria a sua queda.

E ao grandioso pediu audiência.
Quem é essa mulher tão misteriosa?
Se o sultão acolher em sua residência
Precisarei saber até de tua essência.

Mostre ao Califa que minha transparência
Voa inocente, como uma libélula.
Que abra palácios para audiência
Almas alimentem, diga, sou a Fábula.

“Que e seja bem vinda em minha morada!”
Pouso vitalício, flores e perfumes.
Eu esperaria até de madrugada!
Abra-se o palácio quebrem os costumes.

Conta a história que Verdade entrou
É sempre ouvida com encantamento
Com vestes de Fábula o saciou
De história e vida a todo o momento.


CLÁUDIA REGINA LEMES - 2014

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