domingo, 8 de junho de 2014

SOBRE MÉDICOS E SAÚDE. OU: AI QUE VONTADE DE UMA MANHÃ DE SOL

CLÁUDIA REGINA LEMES 08/06/2014.

Por mais irônico que isto seja, desejar que um médico olhe para o rosto de seu paciente, na atual circunstância é o cúmulo da carência de humanidade. Sendo assim, um médico no Brasil  examinar um joelho que dói é quase impossível.
Com isto, há aproximadamente dois meses, eu estou manca... Corrijo: Estava até ontem de noite.
Participando de uma brincadeira esportiva, senti um “CREC” no joelho da perna esquerda, acompanhado de dor intensa e impossibilidade de apoiar o peso do corpo dividindo-o com as duas pernas, como geralmente acontece.
Primeiro médico: Pronto Socorro – “Era uma doutora” Olhou rapidamente para o meu rosto e pediu para eu mostrar onde doía... Mostrei o joelho esquerdo. Ela sem tocar, disse: “Parece que está tudo normal...” Vou receitar um anti-inflamatório e te dar um “atestado para o dia de hoje”. (Olha como sou boa, dou-te um dia todo para fazer o que quiser, longe do teu trabalho). Retruquei e ela me fulminou com os olhos. (Gente mal humorada. Dou um atestado e ainda quer retrucar a minha conduta!):
- Doutora, meu joelho não está normal, está muito inchado, ele NÃO é assim enorme, olha a diferença.  – Só então ela resolveu olhar o joelho direito para compará-los.
Nossa! Realmente está inchado. Mas você terá que fazer um tratamento ambulatorial, pois aqui no Pronto Socorro ortopédico, só resolvemos a urgência, no caso a tua dor, pois o que está acontecendo aí dentro do teu joelho não dá para saber agora.
Sugeri que pedisse um RX e ela me respondeu que o tipo de exame radiológico feito em pronto socorro não daria para verificar a minha queixa, pois, precisaria de um laudo do radiologista, mas, que eu ficasse tranquila, pois marcando a consulta no ambulatório ele solicitaria o tal exame.
Mais uma vez retruquei (que paciente chata!) sugeri que ela solicitasse o exame e me encaminhasse ao médico ambulatorial, pois, assim eu ganharia tempo e já iria para o tal ambulatório com o exame pronto.  Ela me encarou por alguns segundos e começou a escrever no receituário. (pediu o exame e me indicou um especialista em joelhos).
Segundo médico: No ambulatório o médico olhou o resultado do exame (tudo normal conforme o laudo). A esta altura já não havia mais inchaço, mas, a dor persistia. Uma pequena dor permanente que se tornava aguda com o apoio do peso do corpo. Enfim, eu já estava me preparando para ser alguém com limitações para correr, atravessar rua, pular. Sem olhar o meu joelho (afinal ele estava vendo o RX do mesmo), Solicitou outros exames mais complexos e retornar com os resultados. “Mas, doutor, eu não posso...” Ele me cortou antes de terminar a frase. Acho que a amigar médica já havia falado ao meu respeito para ele:
- Não tem como saber o que está acontecendo aí antes dos resultados dos exames.
Desapontada e sem respostas mínimas para as minhas dúvidas sobre joelhos. Procurei o google.
Terceiro médico: Indicação de uma amiga.
Cheia de esperança. Mas, tudo igual. Este terceiro olhou mais vezes para o relógio do que para mim, enquanto me fazia perguntas. Saí do consultório com um pedido de Ressonância Magnética.
É bom ressaltar que estes dois meses (sem joelho esquerdo) foi uma experiência que me fez perceber como é atravessar uma rua, com limitações no caminhar, como é difícil atender um telefone que toca apenas três vezes e não te espera chegar. Descer e subir degraus, andar em calçadas disformes.
Ontem de noite: Mesmo em cadeira, sentar como índio é o jeito que mais me sinto confortável, mas, com a dor e pressão no joelho, até isto estava sendo impossível para mim. Mas, eis que ontem, um pouco relaxada em casa, brincando com um violão, sento-me distraidamente da forma como gosto e sem querer pressionei o joelho.  Sinto o “CREC”.
A dor e o medo foram imensos. Nem gosto de lembrar. Mas, a dor foi passando e em seguida um alívio inenarrável tomou conta de mim. A dor constante passou totalmente. Voltei a poder movimentar a perna como antes. Meu joelho voltou ao normal, logo depois do “CREC”.  Não acreditei de imediato. Testei alguns movimentos que há dois meses eu não fazia. Corri pela sala. (Ai que vontade de correr na rua).
Pensei: Quanto tempo falta para chegar amanhã? Ai que vontade de uma manhã de sol!
Sobre médicos e a Saúde no Brasil... Escreverei ainda... Talvez. Mas, agora quero pensar em coisa boa. Estou tão feliz...
CLAUDIA REGINA LEMES – 2014


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