domingo, 21 de julho de 2013

REFLEXÕES SOBRE VIOLÊNCIA E EDUCAÇÃO

Educação e violência  - A violência doméstica contra a criança na formação da sociedade brasileira
REFLEXÕES SOBRE VIOLÊNCIA E EDUCAÇÃO
PROF.ª MS. CLÁUDIA REGINA LEMES.

Sou recém-chegada, de um percurso de pouco mais que dois anos de estudo do tema violência, sobretudo a violência doméstica contra a criança e gostaria de propor algumas reflexões sobre violência e educação.
Bem, pensando a educação como garantia de acesso ao acervo cultural historicamente construído, de uma geração para outra, vamos considerar duas instituições importantes que atuam na educação. A escola e a família e, propor reflexões sobre o acervo cultural que estas duas instituições têm garantido para as novas gerações.
No âmbito da educação escolar existe muitas vezes uma distancia muito grande entre a cultura escolar e a cultura social de referencia dos alunos e alunas. Os modelos hegemônicos são usados como referencia ideal.
A escola é um local onde as relações humanas acontecem entre sujeitos que cumprem diferentes papeis impregnados dos valores acima apresentados e disseminados quase sempre de forma irracional em um processo dinâmico e rápido, acaba reproduzindo o sistema de força que reflete em seu território. A escola acaba por este meio sendo uma local de formação da cultura, mas, que muito mais reproduz as ideologias presentes na sociedade do que reflete ou propões reflexões sobre ela.
É comum na educação ouvirmos frases como esta: “[...] Vocês devem calçar um chinelinho de cetim e caminhar bem devagarzinho, sem barulho para não incomodar e assim vão com o tempo aprendendo como as coisas funcionam” [1]  
Bem, este tipo de discurso, que nega a individualidade a autenticidade, a identidade, a singularidade, convive cotidianamente com o ideal da pluralidade cultural, da tolerância, da necessidade de aprender a conviver da escola e a cultura da paz.
É nítida a contradição que existe entre a teoria e a prática na educação escolar formal. Eu chamo a atenção para a palavra “formal”, pois também na escola, é disseminada a educação informal, que é aquela que se aprende em seu entorno e que foge do currículo sistematizado. Essa educação diz respeito aos conteúdos culturais que são produzidos na comunidade escolar e que passam a fazer parte da identidade da instituição que podem trazer benéficos para os seus integrantes como podem ser destrutivos como, por exemplo, a prática do bullyng.  A escola é muitas vezes fonte de violência simbólica presentes na sua prática e muitas vezes também se omite mesmo tendo constatado a vitimização de seus alunos, por outros alunos ou por agentes externos à comunidade escolar. 
Outra instituição educativa que consideramos importante é a família. As famílias mudaram na forma de pensar a vida, de produzir, de se organizar como instituição e de conceber valores. Se, no período anterior, a família apresentava-se extremamente autoritária e repressiva, hoje ela possui uma forma um pouco mais solta para lidar com seus membros, o que a princípio representaria um ganho, se isso não tivesse relação direta com o mercado de produção a que a criança era atrelada no passado como força de trabalho e que hoje tem a sua participação melhor garantida na via contrária. No mercado de consumo. Os membros da família são submetidos à vontade a aos papéis que a sociedade lhes determina e, “[...] uma vez que, por um lado, o dinheiro está de modo devastador, no centro de todos os interesses vitais e, por outro é exatamente este o limite diante do qual quase toda relação humana fracassa.” (BENJAMIN, 1994, p. 21). E com isso desaparece do plano natural e ético a confiança irrefletida, o repouso e a saúde. Uma sociedade que, como defende Fromm (1979), nos últimos cem anos do mundo ocidental, conseguiu criar uma riqueza material maior do que a criada por qualquer outra sociedade da História da Humanidade, mas que mata ou abandona as suas crianças, é uma sociedade que precisa ser repensada.
Então vamos propor finalmente uma rápida passagem pela educação presente nos meios de comunicação tecnológico.
Nos dias atuais em que a os veículos educadores se multiplicam e entre estes veículos temos as mídias e suas notícias, sabemos que vivemos em um mundo em que a violência está presente em todas as esferas da vida e que essa situação assusta cada vez mais as pessoas que acabam produzindo esta cisão de bem e mal. A violência simbólica produzida neste mundo dissemina o medo na sociedade.  O povo[2]deve ser protegido: “A razão do povo deve ser seus sentimentos; é preciso, portanto, dirigi-los, e formar seu coração e não seu espírito; eles devem também ser mantidos em seu estado natural de fraqueza.” (MARCUSE, 1981 p. 123).
A televisão (que também dissemina e incute algo de violência na sociedade),  não condiz com uma educação emancipadora e os acontecimentos reais e atuais que levam ao conhecimento do grande público a violência cumprindo o papel do espetáculo como aconteciam nas tragédias das arenas. É muito pouco pensada a violência que é demonstrada pelas mídias.
A proximidade e intensidade da violência social praticada na atualidade voltadas para o medo, disciplinamento e afirmação da cultura nos noticiários televisionados com formatos de espetáculos, carregam a ideologia da massificação e da alienação do pensamento. Com isso o que se perde em riqueza humana e em sentimento de autentica felicidade, aponta Fromm (1979), que é compensado pela segurança da harmonia e sentimento de pertencimento: “Em realidade, o seu próprio defeito poderá ter sido elevado à categoria de virtude pela sua cultura, podendo, assim, proporcionar-lhe uma intensa sensação de êxito. (FROMM, 1979, p. 29).
Muitas crianças invisíveis que são vítimas do abandono e que vagam pelas ruas das cidades, nos sinais de trânsito, nos trens urbanos, carregam uma história de vida anterior ou paralela à situação atual, na qual se desvelam as diversas formas de violência por atos ou omissão daqueles que deveriam proteger a sua condição peculiar de desenvolvimento.
Muitas dessas crianças deixadas ao próprio destino fogem de casa, ou saem sem compromisso de retorno para o lar, que não lhes oferece refúgio, proteção, carinho, requisitos básicos para o desenvolvimento saudável e humano de qualquer criança. Foram inúmeras vezes na história que toda uma sociedade se omitiu diante da barbárie, e ainda o faz quando trata como invisível a criança pedindo nos faróis; a criança marcada pela violência física, sexual, pela negligência; a criança que freqüenta diariamente as salas de aulas de tantas escolas públicas e privadas; a criança que é atendida em ambulatórios vítimas de maus-tratos; a criança que é explorada nos trabalhos que degradam sua saúde e roubam-lhe as oportunidades de formação para a cidadania; entre outras crianças. Nesse sentido, “a investigação sobre o preconceito tende a reconhecer a participação do momento psicológico nesse processo dinâmico em que operam a sociedade e o indivíduo.” (HORKHEIMER; ADORNO, 1973, p. 173-174).
Adorno (1996, p. 5) aponta que a consciência progressivamente dissociada das coisas humanas descansa em si mesma e se converte em pseudoformação, por isso, vimos o sonho da – a libertação da formação, imposição dos meios e da estúpida e mesquinha utilidade – ser falsificado “[...] em apologia de um mundo organizado justamente por aquela imposição. No ideal de formação, que a cultura defende de maneira absoluta, se destila a sua problemática.”
A cultura da violência é naturalizada na sociedade fragilizada em conflitos e guerras, na qual crianças são feitas soldados no trânsito, nas competições esportivas, gangues de ruas, na exploração do trabalho infantil, nas comunidades marginalizadas e excluídas do acesso aos bens produzidos nos países. A criança na condição de coisa reflete a fragilidade da nossa civilização que não é capaz de preservar a sua integridade.
Fromm (1979) qualificou como violência compensatória a violência que é empregada como um substituto de atividade produtiva por alguém que se vê impotente diante das forças sociais que o dominam. Este, por possuir vontade e capacidade de liberdade para criar e modificar o mundo, é impelido a agir desse modo.

Esta necessidade humana expressa-se nas primitivas gravuras das cavernas, em todas as artes, no trabalho e na sexualidade. Todas essas atividades são o resultado da capacidade do homem para dirigir sua vontade na direção de um objetivo e sustentar o esforço até esse objetivo ser alcançado. A capacidade para assim usar esses poderes é chamada potência. (A potência sexual é somente uma das formas de potência.). (FROMM, 1979, p. 32).
                                                      
Quando o homem fracassa, tornando-se impotente diante das forças que não é capaz de vencer, tenta restaurar suas capacidades identificando-se com uma pessoa ou grupo de pessoas que disponha de poder para a sua satisfação de participação simbólica na vida de outro homem. Tem a sensação de agir, mas na verdade só está se submetendo, ou então age usando o seu poder para destruir.
Nesse sentido, instaura-se a violência na sociedade capitalista. Ação sem reflexão é falência da prática destituída de teoria. O fazer sem a razão é como o sujeito que reproduz um sistema de forças sendo impulsionado a agir. Segundo Roggero (2001), a identidade constitui-se a partir da participação do indivíduo nas relações sociais e requer adaptação e renúncia aos instintos.
A identidade não se constrói pela violência compensatória que, conforme Fromm (1974, p. 33), é a essência do sadismo e infringe dor aos outros. Ela tem o impulso de exercer o domínio sobre outra pessoa e torná-lo objeto indefeso de sua vontade. Tem por meta tornar o indivíduo como algo inanimado. “Criar vida exige certas qualidades de que carece a pessoa impotente. Destruir vida só requer uma qualidade: o uso da força.” A cultura que fornece a alma da civilização é constituída pelo espírito e o processo histórico da sociedade, tanto no plano das idéias como no plano material. Essa cultura é capaz da fazer frente à violência. Essa á a forma de se compreender a verdadeira cultura da paz.
BIBLIOGRAFIA
ADORNO, Theodor W. Teoria da semicultura. Tradução de Newton Ramos de Oliveira, Bruno Pucci e Cláudia B. M. de Abreu. Educação e Sociedade, ano XVII, n. 56, p. 388-411, dez. 2006.

BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. 1 v.

______. Obras Escolhidas. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995. 2 v.

CANDAU, Vera Maria. Direitos humanos, violência e cotidiano escolar. In: ______ (Org.). Reinventar a escola. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. p. 137-166.

LEMES, Claudia Regina. Formação Cultural e o Fenômeno da Violência Doméstica Contra a Criança, 2009. 177 f. Dissertação de Mestrado – Universidade Braz Cubas,  Mogi das Cruzes, 2009.

FROMM, Erich. O coração do homem: seu gênio para o bem e para o mal. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.

______. Psicanálise da sociedade contemporânea. 7. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1974.

______. A arte de amar. 7. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

HORKHEIMER, Max. Autoridade e família. In: ______. Teoria crítica: uma documentação. Tradução de Hilde Cohn. São Paulo: Perspectiva/Editora da Universidade de São Paulo, 1990. p. 175-236.


HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor W. Temas básicos da sociologia. São Paulo: Cultrix, 1973.

MARCUSE, Herbert. Idéias sobre uma teoria crítica da sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

______. Cultura e psicanálise. 3. ed. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2001.

ROGGERO, Rosemary. A vida simulada no capitalismo: um estudo sobre formação e trabalho na arquitetura. 2001. 273 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2001.







[1] Esta frase foi deferida por uma liderança educacional para orientar como se deve agir aqueles que estão iniciando em um novo local de trabalho e encontram dificuldades na relação com aqueles funcionários mais antigos.
[2] “Isto é aqueles que são mantidos por suas ocupações puramente mecânicas e contínuas em um estado habitual de infancia”(MARCUSE, 1981)-o termo infancia é usado pelo autor neste ensaio para designar a condição de imaturidade a que o homem é mantido por outros homens na relação de autoridade e submissão.

A CULTURA DA VIOLÊNCIA

A CULTURA DA VIOLÊNCIA

Recebi um email no dia 14/12/2009. A mensagem dizia assim:

“Ensinamentos das MÃES DE ANTIGAMENTE:
Pra lembrar, e rir ou  chorar ao ver as coisas hoje...Coisas que nossas mães diziam e faziam....Era uma forma, hoje condenada pelos educadores e psicólogos, mas funcionou com a gente e por isso não saímos seqüestrando a namorada, nem matando os outros por ai.
Minha mãe ensinou a VALORIZAR O SORRISO...
ME RESPONDE DE NOVO E EU TE ARREBENTO OS DENTES!
Minha mãe me ensinou a RETIDÃO.
EU TE AJEITO NEM QUE SEJA NA PANCADA!
Minha mãe me ensinou a DAR VALOR AO TRABALHO DOS OUTROS..
SE VOCÊ E SEU IRMÃO QUEREM SE MATAR, VÃO PRA FORA. ACABEI DE LIMPAR A CASA!
Minha mãe me ensinou LÓGICA E HIERARQUIA..-.
PORQUE EU DIGO QUE É ASSIM! PONTO FINAL! QUEM É QUE MANDA AQUI?
Minha mãe me ensinou o que é MOTIVAÇÃO...
CONTINUA CHORANDO QUE EU VOU TE DAR UMA RAZÃO VERDADEIRA PARA VC CHORAR!
Minha mãe me ensinou a CONTRADIÇÃO...
FECHA A BOCA E COME!
Minha Mãe me ensinou sobre ANTECIPAÇÃO...
ESPERA SÓ ATÉ SEU PAI CHEGAR EM CASA!
Minha Mãe me ensinou sobre PACIÊNCIA...
CALMA!... QUANDO CHEGARMOS EM CASA VOCÊ VAI VER SÓ...
Minha Mãe me ensinou a ENFRENTAR OS DESAFIOS...
OLHE PARA MIM! ME RESPONDA QUANDO EU TE FIZER UMA PERGUNTA!
Minha Mãe me ensinou sobre RACIOCÍNIO LÓGICO...
SE VOCÊ CAIR DESSA ÁRVORE VAI QUEBRAR O PESCOÇO E EU VOU TE DAR UMA SURRA!
Minha Mãe me ensinou MEDICINA...
PÁRA DE FICAR VESGO MENINO! PODE BATER UM VENTO E VOCÊ VAI FICAR ASSIM PARA SEMPRE.
Minha Mãe me ensinou sobre o REINO ANIMAL...
SE VOCÊ NÃO COMER ESSAS VERDURAS, OS BICHOS DA SUA BARRIGA VÃO COMER VOCÊ
Minha Mãe me ensinou sobre GENÉTICA...
VOCÊ É IGUALZINHO AO SEU PAI!
Minha Mãe me ensinou sobre minhas RAÍZES...
TÁ PENSANDO QUE NASCEU DE FAMÍLIA RICA É?
Minha Mãe me ensinou sobre a SABEDORIA DE IDADE...
QUANDO VOCÊ TIVER A MINHA IDADE, VOCÊ VAI ENTENDER.
Minha Mãe me ensinou sobre JUSTIÇA...
UM DIA VOCÊ TERÁ SEUS FILHOS, E EU ESPERO ELES FAÇAM PRÁ VOCÊ O MESMO QUE VOCÊ FAZ PRA MIM! AÍ VOCÊ VAI VER O QUE É BOM!
Minha mãe me ensinou RELIGIÃO...
MELHOR REZAR PARA ESSA MANCHA SAIR DO TAPETE!
Minha mãe me ensinou o BEIJO DE ESQUIMÓ...
SE RABISCAR DE NOVO, EU ESFREGO SEU NARIZ NA PAREDE!
Minha mãe me ensinou CONTORCIONISMO.-..
OLHA SÓ ESSA ORELHA! QUE NOJO!
Minha mãe me ensinou DETERMINAÇÃO..-.
VAI FICAR AÍ SENTADO ATÉ COMER TODA COMIDA!
Minha mãe me ensinou habilidades como VENTRÍLOQUO...
NÃO RESMUNGUE! CALA ESSA BOCA E ME DIGA POR QUE É QUE VOCÊ FEZ ISSO?
Minha mãe me ensinou a SER OBJETIVO....
EU TE AJEITO NUMA PANCADA SÓ!
Minha mãe me ensinou a ESCUTAR ...
SE VOCÊ NÃO ABAIXAR O VOLUME, EU VOU AÍ E QUEBRO ESSE RÁDIO!
Minha mãe me ensinou a TER GOSTO PELOS ESTUDOS...
SE EU FOR AÍ E VOCÊ NÃO TIVER TERMINADO ESSA LIÇÃO, VOCÊ JÁ SABE!...
Minha mãe me ajudou na COORDENAÇÃO MOTORA...
AJUNTA AGORA ESSES BRINQUEDOS!! PEGA UM POR UM!!
Minha mãe me ensinou os NÚMEROS...
VOU CONTAR  ATÉ DEZ. SE ESSE VASO NÃO APARECER VOCÊ LEVA UMA SURRA!

Brigadão Mãe !!! Hehee..

 Hoje... vá dizer ao menos uma destas coisas que o pivete pega o celular e liga pro 190...
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk”(Autor desconhecido)
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O conteúdo desta mensagem remete exatamente ao tema que acabo de concluir, dando respostas as minhas hipóteses de dois anos de pesquisa. Vejo que a violência doméstica contra a criança é uma construção cultural que é repassada por gerações e legitimada até por aqueles que foram vítimas. O sujeito que sofre esse tipo de violência, em muitos casos, não se dá conta de que esses ensinamentos movimentam a ideologia do medo. Quem aprendeu com suas mães a negligenciar, denegrir, agredir, violar, ameaçar, aterrorizar, apreendeu que o domínio do mais forte sobre o mais fraco, é legítimo. Aprendeu a tornar aceitável a ordem vigente em que alguns que tem muito poder, podem oprimir outros que possuem pouco poder, assim sucessivamente. Aprendeu transformar pessoas em coisas. Aprendeu que pisada de galinha não machuca pinto[1]. Sem pensar que este dito popular é uma forma de negar ao ser humano, a humanidade, ao ser racional a racionalidade – tanto o que pisa como o que é pisado sofre da mesma amnésia – se esquecem que são pessoas.  A mãe que ameaça que intimida que negligencia que denigre, que oprime, ensina às suas vítimas, serem violentas em nome do amor. Aqueles que seqüestram namoradas, batem em suas mulheres, saem matando os outros por ai,  como foi apontado no email que recebi, têm arraigado em sua cultura esses ideais de força, domínio, poder e cultuam esses valores em detrimento do amor, respeito, afeto, admiração, carinho. Demonstram fraqueza e não força e tentam compensar seus fracassos sobre os outros. Fromm (1970), explicou que esse tipo de violência é a essência do sadismo que é o impulso que uma pessoa tem, de provocar dor ao outro, humilhar, escravizar, fazer sofrer. A meta do sadismo é transformar o homem em coisa. A família que pratica a violência física ou psicológica aos seus membros, não impede de forma alguma que seus filhos venham cometer atos violentos. Ao contrário, transmite incutido em suas ações, o gérmen da violência. Aqueles que no seio familiar recebem esses ensinamentos passivamente, não tendo oportunidade de refletir sobre isso, irão reproduzir para os seus descendentes a mesma ideologia perversa que tem tornado o mundo tão cruel. A violência doméstica é viciosa e transmissível. É um mal que se propaga nas relações familiares e, fora da família, no mundo do trabalho, da escola e nas construções que acontecem na vida de cada individuo. A cultura que dá alma à civilização e que precisa ser propagada, não é a cultura da violência, mas, sim a cultura da paz.




[1] Dito popular- tradição oral

Violência e Educação

Violência e Educação – A identidade do professor

Um importante contato que tive com o tema: Violência e Educação, é  proveniente da dissertação de mestrado defendida em outubro deste ano, em que mantive presente a investigação da relação entre a violência doméstica contra a criança e a formação cultural da sociedade.  No entanto, diante dos últimos acontecimentos que tenho presenciado no que se refere à formação escolar de alunos e a participação dos professores na sociedade, sou provocada a pensar em como a educação que vai sendo produzida nas relações cotidianas na escola acontece sob o signo da violência. Essa relação de que falo, também é cunhada na formação cultural, tem um aspecto que chama a atenção e, que diferencia daquela cultura que ocorre de forma despretensiosa e assistemática. Reflito, sobre a formação cultural que é ideologicamente elaborada para manter um estado de coisas interessante para a hegemonia. A escola que seria o lugar em que pessoas teriam oportunidade de desenvolver a sua humanidade em conjunto com o seu aprimoramento intelectual, tecnológico e conceitual é na verdade uma arena de disputa devastadora em que os gladiadores lutam por causas que não são suas, espreitados por dos leões famintos, talvez nem se dêem conta de que estão submetidos.
O que se aprende na escola? Essa pergunta deveria ser feita muito mais vezes e não só para os alunos, mas, também para toda a comunidade escolar. Verbos como saber, conhecer, participar, não são conjugados na educação, por aqueles que precisariam ser protagonistas do processo de ensino-aprendizagem. A desvalorização do professor em seu próprio território é uma atitude notória e, pasmem – aplaudida por muitos, patrocinada por aqueles que temem o poder transformador da educação.  O professor tem um papel fundamental em qualquer sociedade séria.  No entanto, em nossa sociedade, temos observado como meros espectadores a identidade desse profissional ser dissolvida. A eles são negadas os elementos que fundamentam a sua prática – o saber, a participação, a reflexão e a voz. Saber sobre os encaminhamentos da educação na sociedade em que atua. Participar desses encaminhamentos. Refletir sobre a educação nesta sociedade e, ter a palavra para discutir, criticar, problematizar. A maior violência que ocorre na educação atinge toda a sociedade que dela depende. Essa violência pode ter muitos nomes, mas, aqui vamos chamá-la de “negação”. A negação dos requisitos básicos que a própria profissão de docente exige, implica em negar a identidade profissional daquele que existe enquanto profissional para garantir o acesso a todos dos bens culturais construídos no percurso da humanidade. O que se espera de uma sociedade que nega ao docente a sua identidade profissional?

 Claudia Regina Lemes - 2010.

Chuva ou sonho?

...Choveu muito a noite ou sonhei? Bem, não desabonando as chuvas, mas, para quem se preparava para um dia debaixo dos cobertores, eis mais um amanhecer em que o astro rei nos sauda com sua energia e alegria!!!! 


Como diria o Tonto (Cavaleiro Solitário) "A natureza está em desequilíbrio..."

Particularidades da Ead:

Particularidades da Ead: Tutor Presencial na promoção da interatividade e a colaboração entre os alunos
Claudia Regina Lemes - 2010
O uso da informática educacional trouxe novas possibilidades à escola e é hoje um dos principais suportes para o ensino a distancia. A Ead, marcada pelo uso de novas tecnologias, traz desafios para todos envolvidos em seu processo, já que como atividade educacional, envolve além dos alunos, vários profissionais:
O professor é o condutor dos processos, porém, divide a docência com vários profissionais (pedagogo, designer instrucional, equipes técnicas, tutores virtuais e presenciais) objetivando encontrar os melhores caminhos para uma comunicação efetiva com os alunos. (LIMA E DAL-FORNO, 2010 p.01).
Mediada pelo uso de vários materiais de apoio, como textos, gravações de áudio, vídeo integrados a proposta didática, abre novos cenários, na educação. Nestes cenários, as tecnologias estão sempre presentes. Portanto, existe-se que os docentes e alunos que atuarão em um curso a distancia, tenham posturas adequadas ao uso da tecnologia e do processo de ensino/aprendizagem, como veremos no decorrer deste texto.
É necessário um bom conhecimento da infra-estrutura técnica-administrativa e pedagógica, a todos os envolvidos em um curso em Ead. O tutor precisa ter competências e habilidades na administração do tempo e o compromisso e risco de sua tarefa, pode ocorrer pela perda de oportunidade em oferecer uma resposta específica à um questionamento do aluno permitindo uma compreensão errônea ou parcial de um determinado tema ou conceito. O conhecimento do tutor, para Machado E Machado (2004), não é diferente do que precisa ter um bom professor. O tutor precisa entender a estrutura do que ensina, seus conceitos e idéias produtoras de conhecimentos, assim como ter sempre atualizada, sua formação teórica didático-pedagógica de preferência nos espaços virtuais. Na Ead, as fontes de informações são muitas e acionam diferentes sentidos e percepções: “[...] uma gama heterogênea de fontes de informação e de linguagens que falam aos diferentes sentidos e percepções (visual, auditivo, sinestésico, intuitivo, cognitivo)” (LIMA E DAL-FORNO, 2010), o que é positivo, pois,  experiências objetivas e subjetivas são utilizadas como suporte no processo e a mediação por tecnologia traz necessariamente, um novo potencial de autonomia dos indivíduos sobre o seu processo de ensino/aprendizagem. Ao docente, nesta modalidade de ensino, exige-se a superação de uma postura de educação bancária, como aquela criticada, por Freire, pois a interação é a parte mais importante do processo e a comunicação parte do diálogo e parceria cognitiva em diversas linguagens. Silva, (1998), mantém presente que a interação é um conceito de comunicação que tem servido à informática, mas, para que realmente haja a interação, é necessário que seja revisto, algumas situações de comunicação unilaterais que se dizem interativas:

Assim, parece claramente que o esquema clássico da informação, que se baseava numa ligação unilateral emissor-mensagem-receptor, se acha mal colocado em situação de interatividade. (SILVA, 1998, p.01).
 Os tutores da atualidade são novos atores que surgem como uma necessidade educativa, nos espaços da Educação a Distancia. Especificamente os tutores presenciais, que são aqueles que vão ter contato direto com o aluno, apesar de não participarem da elaboração do conteúdo a ser ministrado, precisam conhecer o projeto político pedagógico do curso, conhecer seus alunos e ter contato mais direto, o que extrapola os muros do ensino tradicional, segundo Cortinhas (2010). A mesma autora ainda acrescenta que não existe uma referência teórica consolidada ou uma definição de tutoria presencial que abarque a amplitude desta atividade, pois foi uma atividade que surgiu antes de ser elaborada. Portanto, podemos entender que a tutoria presencial é uma atividade em construção, uma necessidade nos processos de educacionais atuais, em cujo saberes e necessidades estão sendo pensados e elaborados, conforme novas demandas que vão surgindo no cenário educacional e para formação do indivíduo contemporâneo.
É necessário ter presente que os saberes fundamentais necessários a uma educação que se quer transformadora, prevê a coerência, entre sua intencionalidade e a prática de formação de educadores, para atuar neste modelo educacional. Na Ead, os aspectos sócio-culturais tomam um novo ânimo, proporcionando acesso à diversidade e, o processo ensino/aprendizagem se dá por meio de interações de todos os sujeitos envolvidos, integrados a diferentes mídias e em uma dimensão de tempo e espaço diferenciada em que a reflexão sobre a concepção de educação e sobre o sujeito que se pretende formar precisam estar permanente processo de discussão e estudo. O tutor precisa ser mais do que o profissional que domina o uso das tecnologias, precisa ser alguém que se remete ao humano, à formação, à concepção de educação que transforma. Precisa ser um profissional que tenha a capacidade de refletir, compreender e interagir, mediados por tecnologias ou não, e que desta interação, se construa saberes em uma comunidade participativa para a formação de pessoas capazes de atuar na complexidade do mundo atual.

Referências Bibliográficas
CARVALHO, Jaciara de Sá. Comunidades virtuais de aprendizagem em busca de uma definição, In: Seminário de Estudos em Epistemologia e Didática, Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, 2º semestre de 2007. Acesso em 05 de dezembro de 2010.
CORTINHAS, Maristela Sobral. Tutoria Presencial De Pólo De Apoio Em Ead: Um
Diferencial Para Educação A Distância- UNOPAR, 2008. Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/326_180.pdf.
LIMA,Valéria Sperduti, E DAL-FORNO, Josiane. Comunidades virtuais de aprendizagem: em busca de uma definição. UFSCAR –VIRTUAL-Ambiente Moodle de aprendizagem, 2010.
MACHADO, Liliana Dias E MACHADO Elian de Castro. O papel da tutoria em ambientes de ead, 2004, Disponível em: http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/022-TC-A2.htm.
SILVA, Marco. Sala de Aula Interativa: A Educação Presencial e a Distância em Sintonia com a Era Digital e com a Cidadania. Disponível em: http://www.senac.br/BTS/272/boltec272e.htm. Acesso em 05 de dezembro de 2010.







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