sábado, 27 de dezembro de 2014

Quero ser professora

Júlia... O que você quer ser quando crescer: Pintora, cantora, bailarina, escritora, desenhista, violonista?

- Quero ser professora!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

SOBRE GADOS E HOMENS

Um boiadeiro toca o berrante
e o gado segue..
o mais importante é a crença
do gado no berrante.

a mídia lança um anúncio
e o homem segue..
o mais importante é a fé:
"alma do negócio"

(CLÁUDIA - 2014)

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

COMO SE ENSINA UMA CRIANÇA SOBRE OS VALORES DE UMA SOCIEDADE.


Isto aconteceu há muito tempo atrás, num local distante. Nem lembro se foi sonho ou realidade:
 Lembro-me de ter feito uma visita cultural com crianças lindas de uma comunidade bem simples localizada na periferia da tal cidade.
Chegamos na hora marcada, pois aprendemos e ensinamos aos nossos pequenos a importância da pontualidade.
Nossas ávidas crianças estavam felizes com aquele passeio e vestiram-se com as melhores roupas que tinham: simples camisetas surradas pelo tempo de uso.
Na mesma data e mesmo local outro grupo de crianças chegou com seus professores um tanto atrasado. Aguardamos pacientemente. Afinal aprendemos e ensinamos aos nossos pequenos a ter compreensão e paciência, pois imprevistos podem acontecer.
Eram como os meus - de escolas públicas, portanto crianças das classes operárias deste país. Mas era notório pelos trajes das crianças, que a escola que chegou depois era de crianças e famílias que tinham poder aquisitivo maior dos que os pequenos que estavam comigo. Os meus eram realmente bem pobrezinhos.
Organizamos as crianças para entrarem no auditório onde aconteceria o evento. Tanto os meus alunos como os da outra escola que por terem se atrasado estavam na sequencia da fila.
Nisto a funcionária que trabalhava na organização e que aguardara pacientemente, fez a seguinte pergunta:
- Que idade vocês têm?
Todos respondem diante da minha confirmação e das outras professoras: “Entre dez e onze anos”.
Sem dar importância à informação ela rapidamente decide e toma providência apontando para as crianças “bem vestidas”
-Mas eles são menores. Tomem a frente da fila e entrem primeiro. Professora organize-os no auditório.
Discreta e imediatamente eu chamei a coordenadora de lado e perguntei:
- Que critério vocês usaram para chegar à conclusão de que os estudantes da minha escola são maiores em tamanho do que os da outra, sendo que todos são da mesma idade e a altura entre eles é bem heterogênea?
Ela me olhou profundamente procurando uma resposta. Mas não deu tempo. Criança é criança. São atentos ao mundo, absorvem seus valores e sentidos. Compreendem com os ensinamentos e exemplos dos adultos. Alguns aprendem silenciosamente, outros manifestam em palavras ou gestos o que captam. E por isto, enquanto crianças e seus professores alegremente já se encaminhavam para o auditório, obedecendo à ordem de passar na frente, uma vívida e sagaz criança, sem ter ouvido ou percebido o meu questionamento, pronuncia com inocência em alto e bom tom:
- Estamos passando na frente porque eles são pobres!
Silêncio e constrangimento total. A criança percebeu tudo. Uma das professoras segura a criança pelo braço e a enfia para dentro do auditório o mais rápido possível.
As crianças neste dia aprenderam o que lhes foi ensinado pela coordenadora do evento e pela professora que silenciou aceitando o tradicional ranço da “vantagem em tudo” atribuída aos brasileiros. Ensinaram também que a opressão, a exclusão e a prepotência se praticam de forma velada. Se possível bem silenciosa para não causar grandes problemas.


(CLÁUDIA – 2014)

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

LIMERICK DÊ A PREFERÊNCIA

Pra conversa inicial
respeite a vaga preferencial.
Mas não confunda a essência.
Diante do triângulo: Dê a preferência.
pela ética, trânsito e  convívio social

(CLÁUDIA - 2014)

sábado, 9 de agosto de 2014

MINI CRÔNICA DO ARREPENDIMENTO



- Professora quantos passeios teremos até o fim do ano?
- Dez! – Responde a professora um tanto alterada. 
- Puxa... Será que se eu pedir desculpas para a Diretora eu conseguirei ir a uns dois pelo menos? 

Cláudia - 2014

A cultura do Interior e a Manifestação da Arte.

                                                (Cláudia Regina Lemes - Agosto 2014)

Em  comentário um amigo professor dizia que o cidadão comum do interior seria mais “inteligente” que o cidadão de “cidade grande”.  
Era apenas uma impressão, sem preocupações, de alguém que já havia trabalhado por muitos anos como docente em várias cidades e em vários níveis do ensino.
Eu, também professora passei por várias cidades do Vale do Paraíba e Alto Tiete na prática profissional. Observo que existem, obviamente, diferenças importantes entre pessoas de diferentes cidades. Afinal a pólis é lócus de formação de pessoas.
É necessário esclarecer que o que está sendo chamado de inteligência aqui não é a potencialidade cognitiva de cada um mas sim da capacidade de fazer conexões entre vários temas ser sagaz na oralidade e transitar socialmente em diversas situações sem muitos embaraços. Ou seja: A inteligência pensada aqui seria a energia manifesta. A potencialidade colocada em prática.
Considerando assim eu concordaria com o meu amigo-professor, pois no ambiente menos rígido sem as tantas amarras que a civilização impõe é mais possível de se colocar potencialidades em movimento: Manifestar-se. No cotidiano das cidades pequenas sobrevive o interior.
A cultura do interior é uma cultura caipira. Caipira designa da Língua Tupi em que Caa significa gente e pira significa mato: Gente do mato.
Era o nome dado àqueles que moravam no meio em contraposição de aos que moravam nas extremidades. (Mato e litoral). Pensando assim toda região da grande São Paulo é habitada por caipiras.
Sei que pode parecer contraditória a minha defesa de que o caipira é aquele que transita melhor entre vários temas porque se convencionou usar o termo pejorativamente considerando caipira aquele que pouco sabe que fala errado e que é demasiadamente tímido.
Acontece que como qualquer construção cultural a linguagem se transforma com o passar do tempo. Representações são incorporadas e a Língua adquire novas significações. Hoje o termo caipira pouco se relaciona com a posição geográfica da forma que foi concebido. Caipira é comumente considerado aquele que se distancia da capital onde se localizam os grandes centros urbanos.
Atualmente o “capital – dinheiro” é o contorno de tudo. Até porque sabemos que a economia dita regras e dá formato à sociedade civilizada.
Interior manteve o significado da palavra, mas não o sentido geográfico. Então interior ficou sendo o local afastado da Capital ou centro urbano. E lugar onde vivem os caipiras.
Respondendo provisoriamente a pergunta se o caipira tem melhores condições de manifestar suas potencialidades eu diria que sim. De manifestar sua cultura. É notório que sim.
O cidadão metropolitano se prende indeliberadamente às determinações do seu universo que é regido pelas demandas da produção, consumo e sustentação de um sistema rígido e estruturado para manter a economia que atualmente não se atrela ao bem estar humano. Ela se preocupa em manter a organização e ritmo administrada por interesses esquizofrênicos e paranoicos.
O sujeito metropolitano escravizado no mundo capitalista não reconhece suas potencialidades, não as exercita passa pela vida sem emergir enquanto ser humano e cultural.
O homem do interior é mais livre e consegue exercitar a sua humanidade. Artistas populares que criam, recriam, transformam.
Caberia ao sujeito-metropolitano o acesso à cultura através da Arte. Mas infelizmente a arte foi colonizada pela indústria e o artista-metropolitano foi “encantado” pelo deslumbramento do que o dinheiro pode comprar.
A “arte” e os artistas se transformaram em produtos de mercado. A arte é sucateada para gerar lucro na relação de troca. Ao artista resta viver na alienação da realidade, recluso em nichos assumindo a triste condição de celebridade para ser vendido de acordo com as demandas mercadológicas e midiáticas.
Talvez fosse necessário que o artista voltasse ao “interior essência” para chegar onde o povo está. Assim a cultura resgataria o seu papel: Libertar o homem da sua condição de mero ser biológico.





quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O QUE QUERES?


Sentes falta da docência...
Ou da ternura da infância?
Perto queres a inocência
da criança...

Sentes falta da ciência...
Ou da lisura da gerencia?
Perto queres a ganância
da finança...

Sentes falta da fluência...
Ou da pura ignorância?
Perto queres a essência
da aliança...

Sentes falta da sequência...
ou da falência?
Perto queres a potência
da vingança..

Sentes falta da resistência...
Ou da impotência?
Perto queres resiliência

Da lembrança...

CLÁUDIA -2014

SEM NEM NOME


Uma tela vazia
Uma folha apagada
Uma tarde que esfria 
Eu sozinha mais nada

Um coração que esfria
Um olhar para o nada
Uma alma vazia
Uma tarde apagada

O eterno sem nada
Infinito apagado
Dê uma leve risada

Uma via vazia
Uma estrada fria
Pronto agora sorria!!

CLÁUDIA - AGOSTO -2014

quarta-feira, 23 de julho de 2014

POESIAS DE CORDEL COMO RECURSO INTERDISCIPLINAR DE ENSINO/ APRENDIZAGEM NAS SÉRIES INICIAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL.

http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/humanas/epg/EPG00164_01O.pdf

Resumo - Este artigo trata de um trabalho que foi desenvolvido em uma Escola da Rede Pública Estadual
de São José dos Campos, que perpassando por todas as áreas do saber, desembocou na elaboração de
um portfólio de versos de cordel elaboradas por um grupo de 33 alunos da segunda série do Ensino
Fundamental ciclo 1. No entanto, o percurso que ocorreu entre a investigação crítica e o primeiro contato
dos alunos e professora com as produções em cordel; a interpretação de versos conhecidos; ao
conhecimento e percepção da hibridação dos versos de cordel com a dramaturgia, a música, cinema e
outros; e o produto final (portfólio), demonstram claramente que a inovação a qual clama a educação pode
ocorrer pela releitura de recursos conhecidos da cultura popular se reaproveitados pela escola, como nesse
caso ocorreu com essa abordagem, dos Versos de Cordel.


CORPO E CONCEITO.

Se ocupa lugar, mesmo sem pulsar
é corpo.

Se for vivo ou se for morto
é corpo. 

A leitura é consequência de um corpo ciência

A leitura é complemento do corpo excremento.

A leitura como advento do conceito,
contradiz o feito...


(CLÁUDIA - 2014)




domingo, 20 de julho de 2014

RUBEM ALVES


Sobre pássaros que voam
Dizem que partem e voltam
Oh! Seres universais
voltem sempre aos seus quintais!

Liberdade é o que amam
contra correntes proclamam:
Somos marujos. (Têm mais)
Sempre voltamos ao cais.

Se foste,  haverás de voltar
Mas qual o ponto de partida
neste mundo circular?

Sou asas não vou esperar
Tanto faz se é volta ou ida.
O infinito é nosso lar.


(CLÁUDIA – 2014)

terça-feira, 15 de julho de 2014

sábado, 12 de julho de 2014

FOME (revisado)


Li tristeza no olhar do homem.
E ele me disse que era fome...
Já era  mais de meio dia,
prenunciava  tarde fria.

Eu nada sei daquele rosto
em quem morava um riso fosco.
Mas que comeu com alegria,
de uma breve cantoria

Desigualdade é um frio trágico.
Mas a vida tem sopro mágico.
E em seu olhar veio a harmonia,
um brilho nasceu como joia.

E ele deu-me de improviso
um doce e belo sorriso.
Que foi um presente e  momento
de leve saudável alimento.

Como Belchior eu peço: Vida
devagar com estas feridas!
Cure a dor que nos consome.
Pois, todos sentimos fome.

                                                       (CLÁUDIA - 2014)










segunda-feira, 7 de julho de 2014

O TEMPO


Culpado ou  inocente,
do valor irreparável:
O tempo é prudente.

Na história demarca
o inalterável
O tempo onipresente

No reencontro sente
o inexorável:
O tempo onisciente

No Futuro do presente
indecifrável
O tempo onipotente!

(CLÁUDIA – 2014)

sábado, 5 de julho de 2014

A CALÇA JEANS NO MEIO DO QUARTO


O artista
Qual o seu nome?
Suas obras ao acaso?
(Não vêm ao caso!)

A obra
Falo aqui da ligeira aparição:
Elevação, arte visual,
inusitada composição.
Provocação sensorial:
distraída oposição
a um padrão formal.

A instalação
No chão do quarto
belo acerto!
Índico blue moda,
invenção da roda.
Não se derramava ao chão,
definia-se em ebulição.
Veste adotada por mineiros,
exportada ao mundo inteiro.
nítida instalação, croqui
que me dava um recado:
-Mãe!  Passei por aqui...

(CLÁUDIA – 2011- revisada)

quinta-feira, 3 de julho de 2014

terça-feira, 1 de julho de 2014

SUPER HOMEM

Sonhei com o super-homem
E nele vi sintetizada toda a minha vontade:
Se os meus olhos dormem
sou laçada pelo olhar sem acuidade
e meus medos somem...
Que seus frágeis abraços de eternidade
e seus  dedos ágeis, me desarmem!
Pois amo um  Homem
que superou a invenção da  velocidade.
Superou o Superman
e resgatou para si a  toda a verdade.
Superou a precisão do sêmen,
superou o culto da masculinidade,
superou o hímen
e resgatou para si a humanidade.
Eu amo um Super Homem


(CLÁUDIA – 2014)

SOBRE UM SONHO

A lua escureceu
Entalhou você e eu
fisgados por Morpheu.

CLÁUDIA -2014

quarta-feira, 25 de junho de 2014

UM PRATO FRIO, QUE SE COME QUENTE.


É a possível resposta de um garçom que foi interpelado por uma ex-professora. Ela se admirou com a postura educada do rapaz, que nos tempos da escola falava muitos palavrões.  Ela quis saber com o seu chefe qual teria sido o" milagre" para ter conseguido tal façanha. A primeira parte foi contada em crônica e demonstrou a atitude opressora que NÃO representa a forma de agir de todos os professores, apenas de alguns.


Sabe o que te incomoda?
A minha educação...
Você que é da Alta Roda
e eu um simples garçom.

A bandeja equilibrada
na palma da minha mão
deixou-te desconcertada
com tamanha perfeição

Esta bandeja é “querida”
disto tu não tens noção..
Eu equilíbrio a  medida
que me traz inspiração.

Eu exerço sem dúvida
com amor, dedicação
professorinha querida...
 A minha  profissão!

E digo em contrapartida
tu tens alguma razão:
Mudei. E, foi com a vida
e não com tua lição.

Mas, tu és alienada
insonsa e sem expressão
e não aprendeste nada
com as aulas de palavrão!!!

(CLÁUDIA – 2014)







terça-feira, 24 de junho de 2014

NARRANDO A COPA


Em duelo de milenares 
Japão e Grécia 
conseguem, a peripécia
do placar de dois zeros...
Penso que brincava o deus Eros
com espada de samurai!
E a Inglaterra e o Uruguai
em festa profana surram
a galera que hurra!!!!!
Ora, são de Aquiles os calcanhares
o tal joelho do Suárez!!!!
E pra definir quem fica
que tal de Itália e Costa Rica?
Sem adversidade política,
nem limitação geográfica:
Asia, América ou Europa.
O BRASIL É COPA!!!!!!
(CLÁUDIA - 2014)

CARDÁPIO DO DIA: UM PRATO QUENTE, QUE SE COME FRIO.


-Aquele menino malcriado, encardido, sem educação. Várias vezes me mandou tomar no c.
Quase todos lembravam e repetiam em coro: - inesquecível! Como não se lembrar de um garoto tão boca-suja e inconveniente.
-Ele saiu da escola do mesmo jeito que entrou. Afirmava a professora.  -Rezei para aquele ano acabar logo, ele se formar e mostrar para a vida a sua proficiência em malcriação. Larguei mão dele!
Mas o destino quis que eles se reencontrassem. Voltemos aos relatos da professora aos seus iguais sobre o reencontro com o tal estudante:
-[...] Ao fazer menção de sentar-me, o garçom se adianta e oferece-me a cadeira com a delicadeza de um lord! Levanto o olhar e vejo ninguém mais, ninguém menos do que o próprio menino que tanto me mandou tomar no c! Agora homem-feito, limpo, cheiroso e engomado! Não me contive. Chamei o maitre:
- Olha senhor, gostaria que me contasse sobre o milagre! Fizeste o que eu e a escola não conseguimos. Ensinaste educação para este ser que só sabia falar palavrões. Conte-me o segredo!
O maitre por sua vez, também muito educado e tímido. Ficou corado, sorriu amarelo e perguntou se poderia ajudar em “mais” alguma coisa, fugindo da situação embaraçosa. Enquanto isto o menino/garçom nem respirava diante do constrangimento. E assim ela termina a história com os aplausos, satisfação e gargalhadas de seus iguais.
Eu estava entre os ouvintes da história. Não aplaudi, não gargalhei e nem me satisfiz. Fiquei elucubrando como seria um fim menos opressor para o garçom. Transitei da comédia à tragédia: Uma torta na cara, uma resposta precisa, veneno na comida... Mas, não aconteceu. A opressão foi reiterada da escola para a vida:

“Se eu professor não te ensino nada, tudo fica como está (mantém-se o status quo)”.

Ele foi oprimido e desta vez não pode sequer falar um palavrão.
Mas, reza a lenda que no dia seguinte, ela encontra na primeira página de sua agenda um pequeno bilhete anônimo feito cuidadosamente em um guardanapo de papel comum. Estava grafado nele os seguintes dizeres:

Vá tomar no c...!
(CLÁUDIA – 2014)






domingo, 22 de junho de 2014

TEMPERAMENTO


EMBLEMAS

EMBLEMAS

A ciência e o mito
O signo e o desígnio
O silêncio e o grito

A crença e a doença
A foice e o martelo
O cuidado e a cura

Os paralelos e os anelos
A liberdade e a clausura
O  gemido, o suspiro

A luz e as trevas
O selo e o cabelo
A bíblia e os vedas

Os coturnos e os chinelos
O caminho e a estrada
O amor e a dor

Os encontros e os contrários
no ciclo do universo
são apenas imaginários:

O silêncio e o manifesto
A cruz e a espada...
São: NADA. Se não lidos além do “gesto”.


domingo, 15 de junho de 2014

HISTÓRIAS



História de amor é alimento
do eterno e do momento.

História de amor é, no entanto
as vezes risos, as vezes pranto.

Histórias que nascem juramento
e sobrevivem do cimento,
bloco, concreto e amianto.

Histórias que nascem no vento
e se aquecem no manto de um aposento

Histórias de amor eu sinto
são fragmentos de eventos, de
espantos, labirintos...

Ao escrever histórias eu hoje tento
compor algo que não fuja do assunto: 
Que é o simples prazer de se estar junto.



CLÁUDIA - 2014

INSPIRAÇÃO

Ao faltar latim, ou talvez
o articular Português.
Seríamos muito práticas
se consultarmos gramáticas?

(NÃO)

Pois,  inspiração é  arte
inscrita em outra  parte.
Aos ouvidos é a música.
Aos músculos é cinética.

PORTANTO

Quando um manual que se abre
Rimas e semânticas
São apenas táticas.

PORÉM

Quando o SENTIR se descobre
O fluir  é rítmico.
O fazer é cântico.


(CLÁUDIA – 2014)

domingo, 8 de junho de 2014

SOBRE MÉDICOS E SAÚDE. OU: AI QUE VONTADE DE UMA MANHÃ DE SOL

CLÁUDIA REGINA LEMES 08/06/2014.

Por mais irônico que isto seja, desejar que um médico olhe para o rosto de seu paciente, na atual circunstância é o cúmulo da carência de humanidade. Sendo assim, um médico no Brasil  examinar um joelho que dói é quase impossível.
Com isto, há aproximadamente dois meses, eu estou manca... Corrijo: Estava até ontem de noite.
Participando de uma brincadeira esportiva, senti um “CREC” no joelho da perna esquerda, acompanhado de dor intensa e impossibilidade de apoiar o peso do corpo dividindo-o com as duas pernas, como geralmente acontece.
Primeiro médico: Pronto Socorro – “Era uma doutora” Olhou rapidamente para o meu rosto e pediu para eu mostrar onde doía... Mostrei o joelho esquerdo. Ela sem tocar, disse: “Parece que está tudo normal...” Vou receitar um anti-inflamatório e te dar um “atestado para o dia de hoje”. (Olha como sou boa, dou-te um dia todo para fazer o que quiser, longe do teu trabalho). Retruquei e ela me fulminou com os olhos. (Gente mal humorada. Dou um atestado e ainda quer retrucar a minha conduta!):
- Doutora, meu joelho não está normal, está muito inchado, ele NÃO é assim enorme, olha a diferença.  – Só então ela resolveu olhar o joelho direito para compará-los.
Nossa! Realmente está inchado. Mas você terá que fazer um tratamento ambulatorial, pois aqui no Pronto Socorro ortopédico, só resolvemos a urgência, no caso a tua dor, pois o que está acontecendo aí dentro do teu joelho não dá para saber agora.
Sugeri que pedisse um RX e ela me respondeu que o tipo de exame radiológico feito em pronto socorro não daria para verificar a minha queixa, pois, precisaria de um laudo do radiologista, mas, que eu ficasse tranquila, pois marcando a consulta no ambulatório ele solicitaria o tal exame.
Mais uma vez retruquei (que paciente chata!) sugeri que ela solicitasse o exame e me encaminhasse ao médico ambulatorial, pois, assim eu ganharia tempo e já iria para o tal ambulatório com o exame pronto.  Ela me encarou por alguns segundos e começou a escrever no receituário. (pediu o exame e me indicou um especialista em joelhos).
Segundo médico: No ambulatório o médico olhou o resultado do exame (tudo normal conforme o laudo). A esta altura já não havia mais inchaço, mas, a dor persistia. Uma pequena dor permanente que se tornava aguda com o apoio do peso do corpo. Enfim, eu já estava me preparando para ser alguém com limitações para correr, atravessar rua, pular. Sem olhar o meu joelho (afinal ele estava vendo o RX do mesmo), Solicitou outros exames mais complexos e retornar com os resultados. “Mas, doutor, eu não posso...” Ele me cortou antes de terminar a frase. Acho que a amigar médica já havia falado ao meu respeito para ele:
- Não tem como saber o que está acontecendo aí antes dos resultados dos exames.
Desapontada e sem respostas mínimas para as minhas dúvidas sobre joelhos. Procurei o google.
Terceiro médico: Indicação de uma amiga.
Cheia de esperança. Mas, tudo igual. Este terceiro olhou mais vezes para o relógio do que para mim, enquanto me fazia perguntas. Saí do consultório com um pedido de Ressonância Magnética.
É bom ressaltar que estes dois meses (sem joelho esquerdo) foi uma experiência que me fez perceber como é atravessar uma rua, com limitações no caminhar, como é difícil atender um telefone que toca apenas três vezes e não te espera chegar. Descer e subir degraus, andar em calçadas disformes.
Ontem de noite: Mesmo em cadeira, sentar como índio é o jeito que mais me sinto confortável, mas, com a dor e pressão no joelho, até isto estava sendo impossível para mim. Mas, eis que ontem, um pouco relaxada em casa, brincando com um violão, sento-me distraidamente da forma como gosto e sem querer pressionei o joelho.  Sinto o “CREC”.
A dor e o medo foram imensos. Nem gosto de lembrar. Mas, a dor foi passando e em seguida um alívio inenarrável tomou conta de mim. A dor constante passou totalmente. Voltei a poder movimentar a perna como antes. Meu joelho voltou ao normal, logo depois do “CREC”.  Não acreditei de imediato. Testei alguns movimentos que há dois meses eu não fazia. Corri pela sala. (Ai que vontade de correr na rua).
Pensei: Quanto tempo falta para chegar amanhã? Ai que vontade de uma manhã de sol!
Sobre médicos e a Saúde no Brasil... Escreverei ainda... Talvez. Mas, agora quero pensar em coisa boa. Estou tão feliz...
CLAUDIA REGINA LEMES – 2014


quarta-feira, 21 de maio de 2014

VIDADÁ



Que “arte”! Eu corria num parque,
encontro um castor: Jura-me amor.
História sem graça e sem aventura
Pra melhorar: Um castor de fraque!

E no tempo de ligar o computador.
Uma travessura na noite escura
Os meus olhos que ardem
numa loucura em plena tarde...
Mas, não era um dia de calor?

Dedo nas teclas; olho o monitor.
Que estranheza não cause.
Com problema no meu texto-editor
O tal castor era o mouse.
Que frio! Enrolo-me no cobertor.
Às vezes ao acordar eu cismo.
Que minha vida é um dadaísmo.

CLAUDIA  - 2014




A FÁBULA


( Escrita a partir do conto de Malba Tahan
 (Uma fábula sobre uma fábula.) Fonte: Minha vida querida. Tahan, Malba. Rio de Janeiro: Conquista, 1957, p.93-98.
  
Que se faça a mulher!
E Deus criou a fantasia,
por analogia:

 Entrar num palácio a Verdade quis.
Sempre cristalina, porém aprendiz.
Buscou em silêncio, lá em seu país:
Mais alta colina foi sua diretriz

A verdade-nua em transparente véu
Como a linda lua brilhando no céu
Solicita a entrada a um guardião
Em imensa casa falar ao sultão

Foi “Não!” a resposta: Aqui neste castelo,
Entrar Verdade, assim nua e crua?
Fez então aos guardas logo seu apelo.
Por dignidade. Enxota-a na rua.

Que se faça a mulher!
E Deus fez a Obstinação
por conexão.

Se nua não posso, cubro-me com peles.
Uso outro tom, grosseiro e bem severo.
Ao chefe pediu: Que tu não me repeles!
Senhor-Guardião. Faço um pedido austero:

Sou a Acusação. Ir ao palácio eu quero.
A resposta é “Não!” - disse o soberano-
de joelhos no chão. “Desista!” Eu espero!
Esta permissão seria um grande engano.

Que se faça a mulher!
E o Capricho Deus criou.
E sua obra apreciou...

Vestida em  riqueza e pura beleza!
Usando proeza. Coberta em seda.
Sutileza e a mais feminina certeza:
Toda fortaleza teria a sua queda.

E ao grandioso pediu audiência.
Quem é essa mulher tão misteriosa?
Se o sultão acolher em sua residência
Precisarei saber até de tua essência.

Mostre ao Califa que minha transparência
Voa inocente, como uma libélula.
Que abra palácios para audiência
Almas alimentem, diga, sou a Fábula.

“Que e seja bem vinda em minha morada!”
Pouso vitalício, flores e perfumes.
Eu esperaria até de madrugada!
Abra-se o palácio quebrem os costumes.

Conta a história que Verdade entrou
É sempre ouvida com encantamento
Com vestes de Fábula o saciou
De história e vida a todo o momento.


CLÁUDIA REGINA LEMES - 2014

Postagem em destaque

CLAUDIA REGINA LEMES: Gravação caseira - música popular

CLAUDIA REGINA LEMES: Gravação caseira - música popular