SOBRE
A EDUCAÇÃO, EM ALGUM LUGAR DO BRASIL...
A jovem
balconista, da cafeteria, de algum lugar na maior cidade metropolitana do
Brasil, em um momento de grande concentração de clientes, encontra-se em
apuros:
A
calculadora fixada em local NÃO estratégico, é instrumento de difícil acesso.
Ela precisa se deslocar do balcão, ficar de costas para os clientes, operar a
máquina e retornar com os resultados das contas, para efetuar o troco. Ao retornar, diante de tanta gente, ela não se lembrar do rosto do cliente em
atendimento, se atrapalha muito.
Agravante:
Líder algum aparece para tentar organizar melhor a confusa forma de
atendimento. Tudo transcorre na mais perfeita desorganização até que todos se
vão atendidos, ou não (alguns, desistem).
Poderíamos
criticar a logística do local ou, as estratégias de atendimento ao cliente, o planejamento
administrativo ou a gestão do negócio. Mas, apesar haver espaço para estas discussões,
o que me provocou, desta vez, é a competência operatória da uma jovem que
aparenta ter menos do que vinte anos e, necessita de uma calculadora para fazer
operações básicas que envolvem valores menores do que R$100,00.
Sou
professora, e atuo é nas séries iniciais do ensino fundamental. Compreendam a
minha angústia.
Os saberes desenvolvidos no ensino fundamental é, como o próprio
nome diz, base para tudo o que vem posterior a ele.
Esta
menina passou por este processo, sem ter se apropriado dos conhecimentos
mínimos necessários para continuar seus estudos e/ou garantir a sua própria sobrevivência no mundo do trabalho. Se
este último, fosse o único importante; como é para muitos - MAS NÃO DEVERIA SER - pelo
menos no que diz respeito ao ensino das operações; falhamos. Eu falhei!!!
Todo
um sistema falhou. Nossa sociedade falhou com os nossos jovens. Com isso, o
conhecimento socialmente adquirido ao longo do tempo, por não ter circulado
adequadamente, simplesmente não fez história. Não foi socializado.
Somos
seres inacabados. Acredito muito nisto e levanto esta bandeira. Então, tenho
esperanças de que esta moça, que está aqui sendo citada, para representar tantas outras, que como ela,
talvez tenham recebido apenas uma educação bancária, sem ligação com a
realidade que enfrentaria no futuro, consiga, por iniciativa própria ou ajuda
de alguém, superar este problema que não é individual, mas, social.
A
escola e seus atores são os donos destas questões. Elas nos pertencem, como
objeto de estudo, compreensão e problemática a ser superada. Vejam que não
estou aqui a apontar soluções e nem levantar hipóteses premeditadas. Estou aqui
ASSUMINDO, um problema que faz parte dos saberes que envolvem a Educação, por
isto não me sinto melhor do que a menina da cafeteria. Sou a parte capenga
deste sistema que não tem sido competente em garantir Educação de qualidade
para o seu povo.
Claudia
Regina Lemes – 04/11/2013
Grande verdade... muitos jovens chegam ao mercado de trabalho sem saber escrever corretamente e fazer contas básicas de matemática... um absurdo essa EDUCAÇÃO DO BRASIL!!!
ResponderExcluir