sábado, 18 de janeiro de 2014

O FANTASMA DA CASA MAL ASSOMBRADA.

Apresentaram-me um livro de histórias de Edgar Allan Poe. Gostei muito. E acabei lembrando de histórias (algumas de assombração), que tenho manuscritas de um tempo em que eu usava livros atas, para fazer diário e registrar, mais no gênero de crônicas. Digitalizei algumas e vou postá-las aqui, aos poucos. Não mudei quase nada, fiz pequena revisão. Esta eu escrevi em 2006, é memória da minha infância. (Clau)
A CASA MAL ASSOMBRADA
Não foi possível conseguir um imóvel para alugar na cidade pacata, silenciosa e “morta”, de São José dos Campos, na década de 70.
Mas, a família teria mesmo que se mudar de Santo André, cidade metropolitana de São Paulo, para o Vale do Paraíba.  Motivos de trabalho: O pai da família, fora transferido para a filial da montadora automobilística. Empresa multinacional, que oferecera ótimas oportunidades para quem aceitasse essa empreitada: Mudar para o interior.
São José dos Campos no início da década de 1970, não tinha demanda de receber novos moradores. Era uma cidade que possuía alguns bairros, antigos, ocupados por proprietários, um centro comercial urbanizado, com pracinhas e enormes árvores centenárias. O restante eram as áreas rurais e alguns pontos ocupados por indústrias, que iniciavam suas atividades, prenunciando um futuro desenvolvimento tecnológicos.
Apesar da distância, o jeito foi alugar um imóvel em Taubaté, que era cidade universitária e possuía um perfil mais receptivo para novos moradores. 
Cidade do Saci! Bem, mas, isto não vem ao caso.
Era um casarão. 14 cômodos, desocupados há tempo. A proprietária foi logo avisando. “É o seguinte: Ninguém quer morar ali, nem eu mesma, pois a casa está mal assombrada!”.
Nas dependências daquele imóvel desenvolvera-se um passado triste. Uma tragédia.Um jovem suicidara-se, por não suportar o fim do amor de sua amada...
Risos por parte dos futuros moradores: "Imagine. Coisas do interior mesmo!" Diante da dificuldade em encontrar outro imóvel e, da urgência em mudar. Com fantasma ou sem fantasma, vai essa casa mesma!
E mudei-me com meus pais, para aquela enorme casa, cheia de cômodos vazios. Situada em Taubaté, na Rua Barão da Pedra Negra, onde talvez tenha acontecido uma das mais ricas experiências fantasmagóricas e talvez, fantasiosas de minha infância: A confidencial e singela amizade de uma menina com seis anos de idade e um fantasma adolescente, romântico,  suicida e eternamente apaixonado.

CLÁUDIA REGINA LEMES (2006)

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