Como já era de se esperar, a exemplo de outros pronunciamentos, a coletiva do Jair Bolsonaro em 24/04/2020 para esclarecer a saída do Ex-Ministro Moro, poderia ser tudo, menos um discurso coerente e inteligível. Para tal pronunciamento o presidente convocou os seus Ministros e membros do Corpo Republicano para mostrarem-se presentes diante das Câmeras de TV. O pronunciamento durou em torno de quarenta minutos. Os membros prostraram-se de pé - em posição de sentido - e lá permaneceram inexpressivos enquanto Jair Bolsonaro encabeçava o discurso. Como um corpo que fala, ainda que demente o representante da República proferiu a maior parte do tempo sobre eventos fora do assunto em questão. Falou de taxímetro, de namoros do filho, de aquecedores de piscina, de cartão corporativo, do envolvimento da família de sua mulher com tráfico de drogas e falsidade ideológica e coisas deste tipo, enquanto os membros imóveis ocupavam seus lugares no salão. Foi um discurso emitido por um corpo esquizofrênico, um corpo machista, um corpo inseguro necessitando de autoafirmação. Um corpo que se expressa mal e não se faz compreender. Um corpo de olhares mórbidos. Um corpo masculino, branco, burguês, escravo de suas próprias mentiras. Um corpo em que as pernas pisoteiam os braços que por sua vez estapeiam as faces. Um corpo impotente e estéril. Um corpo doente e fadado a loucura. Um corpo de ministros e apoiadores que continuam com o Bolsonaro porque são da linhagem dos que não têm nada a perder. Um corpo que vai com ele para o fundo do abismo porque sabem que ocupam atualmente lugares que jamais ocupariam, pois são incompetentes para tal. Sabem que se a frente do governo federal estivesse um presidente responsável e comprometido o desenvolvimento do Brasil eles não estariam lá.
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